Perda gestacional: o olhar das mães sobre aborto espontâneo

Sofrer a perda de um bebê é um assunto bastante delicado, apesar de cada mulher lidar com a situação de maneira diferente.

Porém, algo que não muda é o sentimento de “vazio” no olhar das mães sobre o aborto espontâneo quando seus sonhos e planos são interrompidos.

Por mais que se trate de algo que acontece com certa frequência, a perda gestacional consegue afetar drasticamente a vida de uma família.

Em geral, o aborto espontâneo pode ser ocasionado devido a anomalias cromossômicas, por problemas nos genes do óvulo, no espermatozoide ou nos dois, e esses problemas ocorrem de forma natural.

Mulheres que enfrentam essa situação costumam ouvir que “logo vai passar ou que tudo vai ficar bem”. Porém, é importante lembrar que negar a dor pode ser prejudicial.

Dessa forma, não é possível viver o processo de cura e isso tende a refletir em todos os setores da vida pessoal e no olhar das mães sobre o aborto espontâneo.

Por isso, é essencial viver cada etapa do processo de luto e compreender aos poucos como se curar. E, por mais que essa ação não signifique que a dor sumirá de vez, permite que a mulher dê continuidade a sua vida.

O luto invisível

Entre as várias categorias de luto, o luto gestacional passa por todo o processo que acompanha o sonho de se tornar mãe, escolher um nome para o bebê, cor do quarto e vários outros pontos.

Entretanto, quando a gravidez é interrompida de forma tão inesperada, o sentimento de vazio se torna presente, trazendo uma dor imensurável para essa mãe.

Muitas pessoas costumam anular a dor da mulher que passou por um aporto espontâneo, isso porque se tratava de um feto e ainda não tinha contato físico com o bebê.

Nesse sentido, esse processo que a mulher passa é chamado de luto invisível, em que o sentimento de ser mãe já era presente antes mesmo do bebê nascer.

Infelizmente, é frequente que pessoas próximas desconsiderem o sofrimento dessa mulher, podendo ser amigos e até mesmo familiares, mas precisamos dar atenção para o olhar das mães sobre o aborto espontâneo.

O sentimento do luto invisível não se limita à dor da perda, mas aos sonhos e planos interrompidos e a quebra de expectativa.

Assim, a mulher se sente extremamente frágil e pode até mesmo se culpar pelo ocorrido. Desta forma, a importância do acolhimento se torna notória e fundamental.

A importância do acolhimento devido à perda gestacional

Alguns estudos realizados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que o maior número de perdas gestacionais ocorrem entre 8 e 12 semanas, além de mostrar um número de casos altíssimos.

Por mais que seja algo bastante relevante, essa categoria de luto ainda é incompreendida por muitas pessoas e cheias de tabus.

Infelizmente, é muito comum escutar frases como “não era o momento”, “você pode engravidar novamente”, ou até “você vai superar”.

Dessa forma, palavras que parecem uma forma de consolo, acabam servindo como uma espécie de “estopim” para o surgimento de problemas emocionais.

Essa falta de acolhimento não se limita apenas a amigos e familiares. É bastante comum casos de falta de empatia do sistema de saúde com a mãe que acaba de sofrer uma perda gestacional.

Lidar com o sofrimento da perda de alguém não é fácil para ninguém, e não ter o acolhimento necessário pode desencadear situações e tornar o processo ainda pior, sendo transformado em um luto não reconhecido.

Em geral, algumas ações podem demonstrar o afeto e acolhimento diante dessa situação, são elas:

  • Quando falar do bebê, chamá-lo pelo nome que os pais escolheram;
  • Permita que a família se expresse de forma tranquila e genuína;
  • Não diminua o sofrimento do próximo;
  • Se permita estar disponível para ajudar em situações do dia a dia;
  • Não julgue a forma que estão enfrentando o processo.

A atitudes de compreender pode não solucionar a dor do outro, mas ameniza o vazio e oferece a mulher um lugar seguro onde seu sofrimento não será desprezado ou anulado.

Acompanhamento psicológico

Um aborto espontâneo consegue afetar uma mulher de diversas formas, seja no sentimento de culpa, medo de abortar novamente ou até mesmo o surgimento de várias tipos de transtornos psicológicos.

Nesse sentido, o acompanhamento psicológico com um profissional preparado auxilia da melhor forma possível toda a situação.

Afinal, o psicólogo tem como objetivo oferecer um espaço de abertura e conforto para que a pessoa que esteja enfrentando o luto possa expressar sua dor e entender como elaborá-la em sua vida.

Através do tratamento, o enlutado consegue encontrar o seu espaço e desenvolver novos sentidos à existência para passar pelo processo de luto respeitando os seus limites e sua dor.

Além de tudo, esse acompanhamento se torna essencial, já que situações mal resolvidas podem oferecer diversos prejuízos com o passar dos anos, como depressão, ansiedade, ataque de pânico, etc.

É importante lembrar que, para a mulher, a gravidez vai muito além de um processo biológico. O seu corpo se transforma e passa por experiências como enjoos, cansaço, fadiga e sensibilidade.

Por mais que não tenha chegado a se concretizar, todos os sentimentos são reais, por isso, a perda gestacional também deve ser tratada como um luto real.

Assim, o acompanhamento com um profissional é indispensável nesse momento para entendermos e cuidarmos do olhar das mães sobre aborto espontâneo.


Disponível em: Sequelas psicológicas do abortamento espontâneo. https://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0106. Acesso em: 16 de agosto de 2022.

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