A terceira idade é pautada por inúmeras mudanças, sendo elas físicas, sociais e, também, psicológicas. Essas mudanças levam à necessidade de adaptação às novas formas de sentir e enxergar a vida, bem como a morte.
Na infância, a nossa noção sobre a morte é reduzida a uma percepção superficial, de acordo com os ensinamentos que os adultos nos passam.
Na vida adulta, ainda que estejamos relativamente mais próximos da morte natural – sem levar em conta fatalidades que podem acontecer em todas as fases – as adversidades do cotidiano nos fazem esquecer, durante um tempo, o medo do final da vida.
Com o passar dos anos, especificamente na terceira idade, a percepção no final da vida pode vir com diversos significados, além de despertar uma gama de sentimentos que nem sabíamos existir.
Esses sentimentos podem ser positivos, quase como um fascínio pela ideia de descanso, ou dolorosos, cuja sustentação se pauta na noção de que a vida está se esvaindo gradativamente, e cada vez mais rápido.
Compreendendo as diferentes percepções do final da vida
Recentemente, o famoso cineasta francês Jean-Luc Godard optou por recorrer ao suicídio assistido, aos 91 anos, após receber um relatório médico citando as suas múltiplas patologias incapacitantes.
No entanto, um membro da família fez questão de pontuar que Godard não estava doente, apenas exausto. Pensando neste caso, o que essa informação nos diz?
Bom, sem dúvidas essa é uma percepção melancólica, porém sólida, a respeito do final da vida, e provavelmente foi influenciada pelo fato de, aos 91 anos, além de possuir limitações clássicas da idade, ainda existiam fatores graves relacionados à saúde.
No entanto, nem todas as experiências são as mesmas, existem pessoas que anseiam por novas possibilidades tecnológicas de nos manter vivos, mesmo na terceira idade, pelo máximo período de tempo possível.
As pessoas são diversas e as suas percepções, em todas as esferas da vida, são influenciadas pelo seu modo de vida, classe social, amigos e familiares, não teria como ser diferente no que diz respeito à percepção no final da vida.
Podemos afirmar, então, que a terceira idade não pode ser resumida e colocada dentro de uma caixinha com comportamentos e sentimentos específicos, mas sim observada como um processo pessoal e extremamente único.
Cabe a nós, durante o processo de envelhecimento até a terceira idade, observar os aspectos que nos levam a encarar a vida de forma positiva, compreendendo as suas especificidades e procurando aproveitar os momentos felizes.
Disponível em: Um olhar qualitativo sobre a percepção de finitude na terceira idade. https://proa.ua.pt/index.php/id/article/view/4374. Acesso em: 28 de outubro de 2022.
